A xilogravura
Escolho uma madeira com a ponta dos dedos. Sinto seu relevo, sua textura, seus veios. Alguns trabalhos pedem que o veio fale mais, carecem de luz na superfície. Para esses escolho o cedro, a sumaúma. Outros desejam uma superfície mais silenciosa, um escuro chapado. Daí uso um pinho, um angelim, madeiras mais lisas.
Trabalho com o compensado pois é difícil encontrar uma madeira maciça com mais de 60 centímetros de largura. A vantagem do compensado é poder escolher uma madeira nobre na primeira lâmina da chapa, que vai resultar na superfície impressa.
Geralmente inicio a gravura a partir de um desenho ou de uma idéia de forma. Risco a madeira e a ataco com a faca, minha ferramenta predileta, pela sua precisão e velocidade de corte. A favor ou contra o sentido dos veios da madeira, a matéria sempre resiste ao meu gesto. Desse embate é que o trabalho nasce. É de um duelo que a imagem surge.
Com o formão retiro a superfície que na impressão se tornará luz, com o brilho do papel branco. Finalmente, com a serra faço os cortes externos na madeira, modelando a matriz no formato da imagem que será impressa.
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